08 setembro, 2015

Sobre a gratuidade do amor.


         Já ouvi centenas de vezes a mesma pergunta: “Mas ele te fez tudo isso, e você ainda o ama?” e respondo a verdade, repondo que sim, e geralmente fico me sentindo uma completa idiota ingênua.
         Não pense que sei muita coisa. Na verdade, não sei quase nada sobre esse tal de amor. Apesar das pancadas que tomei, e de ter amado de um tamanho que até doía, acredito que não é assim que se aprende sobre amor, se aprende sobre amor sendo amado!
         Pois então eu já senti! Amor pode vir na nossa vida de várias formas: temos amor dos nossos pais e avós, que dariam a vida por nós e dão; Temos o amor dos nossos irmãos, que é um pouquinho diferente...eles brigam, falam mal, mas quando mexem com a gente eles viram bicho; temos amor dos nossos amigos que nos escolhem e nos aceitam, e não tem nada mais bonito do que ser escolhido com todos os seus defeitos.
         Portanto, eu sei um pouco sobre amor. O suficiente para dizer que amor não se cobra! AMOR É DE GRAÇA!
         Eu enxergo nas pessoas a minha volta um pensamento comum de que têm que receber algo em troca de tudo. E é aí que as relações ficam doentes, a capacidade das pessoas de dialogar diminui cada vez mais – porque não praticam – e a humildade de perdoar fica para trás enquanto repetem “não preciso disso com tanta gente no mundo”.
         Acontece que eu não penso assim. Na forma de amor que eu aprendi, amor de verdade é incondicional, é gratuito, é puro. Por isso, se alguém errar com você, você ficará magoado, com raiva, machucado, chateado e algumas vezes isso causará um distanciamento, mas isso não quer dizer que deixará de amar.
         Em alguns casos, ter o mínimo de amor próprio te impede de levar a situação à diante. Se a relação tem feito mal, se não se ajeitam mais os espinhos, você se afasta, mas isso não significa que deixou de amar.
         Eu não estou dizendo de amor da carne apenas, estou dizendo do amor-cuidado, que já está esquecido nos dias de hoje... amor em extinção! Aquele que sai de dentro, ultrapassa palavras e alcança o outro em atitudes, olhares ternos, silêncios... Aquele, que na minha formação religiosa é ensinado por Deus. Capaz de transformar, de entender, de doar!
         Portanto, repito: não há condições para o amor! Não há que se ter nada em troca, nem mesmo o amor do outro. Não importa se te fez mal, se te maltratou, se não tem nada a te oferecer A sua maior prova seria tentar entender e se não for possível, perdoar e deixar o coração livre para continuar fazendo o seu melhor. Ir embora ou abandonar, só deixa claro que você ainda não sabe amar.

Amor de verdade, meu caro, é de graça!

17 setembro, 2014

Acabou!

     E de repente, numa quarta feira quente de um setembro quase-primavera, eu olhei pra dentro de mim e percebi que o amor acabou!
     O que sobraram foram lembranças boas e ruins e ambas me fazem rir. Rir do quanto era boba, do quanto estava apaixonada, daquele frio gostoso na barriga, do gosto azedo de alguma discussão...
      Ao acessar cada lembrança o que vem não é nada. Meu coração não sente mais vontade de estar lá de novo, mas bate tranquilo, sobretudo consciente, pela primeira vez, de cada porquê.
     É como se eu pudesse ver tudo em reprise: os momentos passando pela minha cabeça como num filme e eu, como espectadora alheia, podendo opinar. Pela primeira vez, podendo me sentir inadequada em cada uma daquelas cenas. E não há nada mais libertador!
     Na oportunidade de me observar na memória como mera observadora de mim mesma, sem o peso e a influência definidora de um sentimento que foi tão forte, eu me dei conta que o amor morreu um pouco todas as vezes que não fui reconhecida nas minhas qualidades, não fui amada apesar dos meus defeitos e não fui perdoada por meus erros.
     Hoje está acabado e indiferente. Não me dá vontade de dançar nem gritar, ao menos vontade de chorar. Está morto!

20 março, 2013

Ensolteirar

     Ainda que você seja uma baladeira de plantão e a diversão rapidamente te arrebanhe para mil eventos sociais, novos amigos e etc, acho que ninguém é capaz de passar pelo fim de um relacionamento sem um vazio.
     O que dificulta o ensolteiramento (com a licença de um neologismo) é a falta! Não só do outro e da presença dele, mas a diferente rotina que você tem agora!
     É difícil se acostumar que agora seu telefone não vai tocar pontualmente as seis e cinco, que depois do trabalho você vai dirigir apenas até a sua casa, que você pode pedir a taça pequena de açaí porque não tem ninguém pra roubar umas colheres, que agora você dorme todos os dias na sua própria cama... sabe essas coisas bobas?
     São elas que causam um espaço tão grande que incomoda, e o espaço está em lugares que nenhum agito ou diversão pode chegar, está em todo dia, está em cada atitude ordinária.
     Ficar solteira envolve deixar hábitos para trás, deixar um pouco do que você é nesse momento, que foi construído a quatro mãos (contando com aquelas duas mãos que já não estão por perto).
    É um grande exercício de resgate de si, e conta com uma pitada de angústia que demora a sair do peito.

27 dezembro, 2012

   O ano está acabando e é impossível não parar pra pensar em tudo que aconteceu. Nesse conjunto de 365 dias que acabarão em breve, couberam tantas alegrias, ansiedades, novidades, tristezas, decepções... Quantas coisas couberam nesses dias!
   Os fatos não me chamam tanta atenção quanto o que eu senti com eles, e quanto eles me revelaram sobre as pessoas. Ganhei de Deus muitos amigos que eu amo demais, ganhei a chance de me afastar dos que não me faziam bem, ganhei com algumas infelicidades a graça de perceber a maturidade, e a parceria de quem estava ao meu lado a bastante tempo, e escondia o lado fraterno, interessado no meu bem estar. Um monte de coisas aconteceu pra eu ver que eu podia contar com quem eu não imaginava, e confirmar que os meus nunca me faltarão ainda que estejam muito bravos comigo. Percebi que não é preciso dizer pra provar que se ama, e que as pessoas que a gente ama muito fazem muita falta.
   Esse ano me trouxe muita dor, porque aprender é sentir dor, é mudar e quem me conhece sabe como eu temo essa palavra. Se deslocar de onde se está para um lugar diferente, isso é que significa aprender. Acho que eu amadureci, aquetei.
   O ano novo trás esperanças de coisas novas, mas eu não quero coisas novas. Quero valorizar e amar cada dia mais as coisas velhas, os amigos antigos, minha família ouriçada, e cada vez mais amar o lugar onde eu moro e me adaptar a ele, e aprender a ser alguém melhor que agradece o que tem de bom, e não alguém que busca sempre o que não tem.
  É isso que eu quero carregar de 2012:  as vezes que meus olhos se abriram pra ver o que estava além do estava visível, as coisas que aprendi, e as pessoas que eu amo.
  Obrigada a todas pessoas que tornaram a minha vida mais fácil e feliz esse ano! =)

19 dezembro, 2012

Me senti muito frágil hoje. Meu pai chorou. O homem mais forte, mais lindo, educado, honesto, humilde, engraçado, terno, o homem mais homem que eu conheço chorou. Ao ler as palavras sempre lindas que ele escreveu, senti como se eu estivesse desprotegida. Não sei como isso pode ter relação, é estranho, mas eu senti assim.
Juntando com toda a fragilidade do momento, ver o meu herói agradecendo a Deus por ter chorado, e se sentindo humano por isso, me fez chorar também.
Não pode haver nada mais bonito do que um homem que reconhece suas fraquezas e sua pequinês, que deixa a máscara do forte e simplesmente agradece por ser uma criatura que sente.
Depois de muito lidar com outro tipo de homem, me comoveu lembrar que, tão perto de mim, há um tipo muito especial.
Saudades do meu pai. Triste com o vazio que a falta dele faz!

30 outubro, 2012

...





“Publicar um texto é um jeito educado de dizer “me empresta seu peito porque a dor não tá cabendo só no meu”.


Achei isso bonito demais! O autor é desconhecido, mas me identifiquei com o que ele disse.
Tenho tido muita coisa pra escrever, tanta, que não consigo organizar as palavras, e quando eu e as palavras deixamos de nos entender, meu amigo! a coisa tá mais feia do que você pode imaginar!

Me pego olhando meu corpo recheado de marcas de alguém que foi pra não voltar, pensando longe, hora rindo, hora chorando sozinha.

Tem uma coisa latente em mim que não se é dor, alívio, ou só saudade mesmo. Incomoda, da medo, se esconde e depois volta com tudo! Tem uma coisa muito esquisita aqui dentro que eu não sei interpretar, nem parar.

Ainda que eu escreva pra ninguém, as queridas palavras são companheiras fiéis para botar para fora o que se passa por dentro.

Minha vontade era de gritar bem alto um monte de barbaridades, e um monte de coisas pertinentes também, tudo ao mesmo tempo.

Gritar bem alto: Ei! Eu estou aqui e estou sozinha demais, me ajuda! EEEEEEEEiiii! O meu sorriso largo esconde uma ferida mais larga ainda! Me ajuda a curar?!

28 outubro, 2012

Palavras engasgadas.

     Já é madrugada e eu não consigo dormir! Busquei as companheiras palavras que nunca me faltaram.
Assombrando meu sono, muitas perguntas: O que foi que aconteceu com o que combinamos? O que foi feito do nosso 'pra sempre'? O que?
     O casamento com honras, a aceitação de tudo, a sinceridade que íamos procurar ter a partir de agora... cade?
     Não é justo que eu morra na praia! Não é justo que eu tenha aceitado demais, amado demais, mudado demais, pra receber tudo de menos!
     Mais uma vez me pego pensando em relacionamentos e constato que as pessoas não tem paciência pra construir. A oferta é tanta que elas trocam de amor como quem troca o celular velho que já está obsoleto e não funciona como você espera.
    Pessoas cansam! Ter um bom relacionamento - e relacionar-se envolve todos, amigos, pais, clientes, alunos, amores - exige que saiamos da nossa zona de conforto, exige que falemos, que escutemos, que entreguemos um pouco do que somos e recebamos um pouco do outro.
    Ninguém quer receber nada, muito menos doar. Presenciamos assim, uma leva de relacionamentos cheios de metades, abastados de proibições e silêncios, e sem diálogo.
    As pessoas escondem o que pensam e engolem o que querem, afinal de contas conversar é um transtorno. Além disso, pode fazer com que eu seja trocado pelo próximo da fila, que será perfeito nos primeiros 15 dias depois dos quais ele também será trocado.
     Para mim, amar o outro é entender os defeitos que vem no pacote. Olhe bem! Nem estou dizendo aceitar, penso que seja mesmo preciso entendê-los!
     Não existe pessoa perfeita, portanto, duas pessoas não hão de se encaixar perfeitamente como um filme de comédia romântica, em que os olhares se cruzam e num passe de mágicas tudo dá certo. A graça é ajeitar os espinhos, aprender sobre o outro com um olhar atento de quem se importa, e quer, de verdade, achar a melhor forma de CONVIVER!
     A graça está em tecer juntos um fio que una os interesses e vontades de cada um, baseado principalmente no respeito.
     Pense: o outro não nasceu quando você chegou! O que ele é hoje é fruto das coisas que viveu e talvez, mais ainda, das coisas que ele ainda quer viver e você não tem direito nenhum de impedir.
     Acredito que o dever de quem ama seja comprar o sonho do outro, viver e lutar como se ele também fosse seu.
     Amar exige olhar para o outro e perceber o que importa pra ele, pra poder colaborar, incorporar ao que você quer, e se você discorda, acha que é impossível, há que se dialogar.
     Pareço uma boba falando coisas bonitas que não acontecem na minha vida. Acreditem, o que me revolta é não encontrar alguém que esteja disposto a entrar nessa empreitada comigo.
     As pessoas tem preguiça de conversar e mais ainda de ver o outro! Eu quero ser percebida, quero que me olhem com a mesma atenção com a qual eu olho pras pessoas e, aproveitando para voltar ao motivo da minha insônia, quanta atenção eu destinei!
     Incorporei pessoas, sonhos, rotina, à minha vida que estava tão redondinha, do jeitinho que eu queria.Desarrumei tudo, e deixei uma enorme bagunça dentro de mim, para, aos poucos, ir rearranjando tudo de uma forma que eu julgava melhor pra os dois.
     Briguei tanto comigo pra acreditar no que era minha maior descrença, pra aceitar coisas inaceitáveis, só por perceber o quanto era importante para o outro.Poxa vida, por mais absurdo que me parecesse, se é importante para quem eu amo, eu preciso arrumar um jeito de entender.
     Ao que pude ver inúmeras vezes, esse outro estava mesmo é se lixando pro que eu pensava! 
     Minhas histórias eram uma porcaria e não faziam sentido, enquanto eu me esforçava usando o google pra entender siglas e lendo reportagens e mais reportagens para entender do mundo dele que era tão distante do meu.
     Meus amigos não prestavam e não eram dignos de serem sequer conhecidos, em contrapartida eu tentava gostar até do mais indelicado ou subversivo dos amigos por saber que eles eram importantes.
     Meus sonhos eram pouco demais e minhas conquistas não recebiam palmas, enquanto eu aplaudia de pé qualquer passo, qualquer dez, e colava páginas da internet que fossem prova de cada etapa, ainda que inexpressiva de um sonho que não era meu, mas se tornou nosso!
     Enfim, pela facilidade com a qual ele disse que não me queria mais, assim, como quem passeia pelas palavras sem um pingo de sofrimento nem pesar, eu estava vivendo um relacionamento a um, e demorei muito pra perceber isso.
     Sabe o pior? Nada disso significa que eu não o queira de volta, porque a verdade é que depois de tanto olhar pra ele, eu me perdi do que eu queria, e o que restou foi um vazio que eu ainda não sei como preencher. Meus olhos estão nuveados por desejos que não eram meus, minha cabeça está impregnada de ideias que não eram minhas, tudo tão misturado que é difícil separar.
     Hei de buscar óculos novos que me permitam olhar pra dentro de mim me encontrar. Aonde será que eu estava mesmo, antes disso tudo começar?