28 outubro, 2012

Palavras engasgadas.

     Já é madrugada e eu não consigo dormir! Busquei as companheiras palavras que nunca me faltaram.
Assombrando meu sono, muitas perguntas: O que foi que aconteceu com o que combinamos? O que foi feito do nosso 'pra sempre'? O que?
     O casamento com honras, a aceitação de tudo, a sinceridade que íamos procurar ter a partir de agora... cade?
     Não é justo que eu morra na praia! Não é justo que eu tenha aceitado demais, amado demais, mudado demais, pra receber tudo de menos!
     Mais uma vez me pego pensando em relacionamentos e constato que as pessoas não tem paciência pra construir. A oferta é tanta que elas trocam de amor como quem troca o celular velho que já está obsoleto e não funciona como você espera.
    Pessoas cansam! Ter um bom relacionamento - e relacionar-se envolve todos, amigos, pais, clientes, alunos, amores - exige que saiamos da nossa zona de conforto, exige que falemos, que escutemos, que entreguemos um pouco do que somos e recebamos um pouco do outro.
    Ninguém quer receber nada, muito menos doar. Presenciamos assim, uma leva de relacionamentos cheios de metades, abastados de proibições e silêncios, e sem diálogo.
    As pessoas escondem o que pensam e engolem o que querem, afinal de contas conversar é um transtorno. Além disso, pode fazer com que eu seja trocado pelo próximo da fila, que será perfeito nos primeiros 15 dias depois dos quais ele também será trocado.
     Para mim, amar o outro é entender os defeitos que vem no pacote. Olhe bem! Nem estou dizendo aceitar, penso que seja mesmo preciso entendê-los!
     Não existe pessoa perfeita, portanto, duas pessoas não hão de se encaixar perfeitamente como um filme de comédia romântica, em que os olhares se cruzam e num passe de mágicas tudo dá certo. A graça é ajeitar os espinhos, aprender sobre o outro com um olhar atento de quem se importa, e quer, de verdade, achar a melhor forma de CONVIVER!
     A graça está em tecer juntos um fio que una os interesses e vontades de cada um, baseado principalmente no respeito.
     Pense: o outro não nasceu quando você chegou! O que ele é hoje é fruto das coisas que viveu e talvez, mais ainda, das coisas que ele ainda quer viver e você não tem direito nenhum de impedir.
     Acredito que o dever de quem ama seja comprar o sonho do outro, viver e lutar como se ele também fosse seu.
     Amar exige olhar para o outro e perceber o que importa pra ele, pra poder colaborar, incorporar ao que você quer, e se você discorda, acha que é impossível, há que se dialogar.
     Pareço uma boba falando coisas bonitas que não acontecem na minha vida. Acreditem, o que me revolta é não encontrar alguém que esteja disposto a entrar nessa empreitada comigo.
     As pessoas tem preguiça de conversar e mais ainda de ver o outro! Eu quero ser percebida, quero que me olhem com a mesma atenção com a qual eu olho pras pessoas e, aproveitando para voltar ao motivo da minha insônia, quanta atenção eu destinei!
     Incorporei pessoas, sonhos, rotina, à minha vida que estava tão redondinha, do jeitinho que eu queria.Desarrumei tudo, e deixei uma enorme bagunça dentro de mim, para, aos poucos, ir rearranjando tudo de uma forma que eu julgava melhor pra os dois.
     Briguei tanto comigo pra acreditar no que era minha maior descrença, pra aceitar coisas inaceitáveis, só por perceber o quanto era importante para o outro.Poxa vida, por mais absurdo que me parecesse, se é importante para quem eu amo, eu preciso arrumar um jeito de entender.
     Ao que pude ver inúmeras vezes, esse outro estava mesmo é se lixando pro que eu pensava! 
     Minhas histórias eram uma porcaria e não faziam sentido, enquanto eu me esforçava usando o google pra entender siglas e lendo reportagens e mais reportagens para entender do mundo dele que era tão distante do meu.
     Meus amigos não prestavam e não eram dignos de serem sequer conhecidos, em contrapartida eu tentava gostar até do mais indelicado ou subversivo dos amigos por saber que eles eram importantes.
     Meus sonhos eram pouco demais e minhas conquistas não recebiam palmas, enquanto eu aplaudia de pé qualquer passo, qualquer dez, e colava páginas da internet que fossem prova de cada etapa, ainda que inexpressiva de um sonho que não era meu, mas se tornou nosso!
     Enfim, pela facilidade com a qual ele disse que não me queria mais, assim, como quem passeia pelas palavras sem um pingo de sofrimento nem pesar, eu estava vivendo um relacionamento a um, e demorei muito pra perceber isso.
     Sabe o pior? Nada disso significa que eu não o queira de volta, porque a verdade é que depois de tanto olhar pra ele, eu me perdi do que eu queria, e o que restou foi um vazio que eu ainda não sei como preencher. Meus olhos estão nuveados por desejos que não eram meus, minha cabeça está impregnada de ideias que não eram minhas, tudo tão misturado que é difícil separar.
     Hei de buscar óculos novos que me permitam olhar pra dentro de mim me encontrar. Aonde será que eu estava mesmo, antes disso tudo começar?

Nenhum comentário:

Postar um comentário