20 março, 2013

Ensolteirar

     Ainda que você seja uma baladeira de plantão e a diversão rapidamente te arrebanhe para mil eventos sociais, novos amigos e etc, acho que ninguém é capaz de passar pelo fim de um relacionamento sem um vazio.
     O que dificulta o ensolteiramento (com a licença de um neologismo) é a falta! Não só do outro e da presença dele, mas a diferente rotina que você tem agora!
     É difícil se acostumar que agora seu telefone não vai tocar pontualmente as seis e cinco, que depois do trabalho você vai dirigir apenas até a sua casa, que você pode pedir a taça pequena de açaí porque não tem ninguém pra roubar umas colheres, que agora você dorme todos os dias na sua própria cama... sabe essas coisas bobas?
     São elas que causam um espaço tão grande que incomoda, e o espaço está em lugares que nenhum agito ou diversão pode chegar, está em todo dia, está em cada atitude ordinária.
     Ficar solteira envolve deixar hábitos para trás, deixar um pouco do que você é nesse momento, que foi construído a quatro mãos (contando com aquelas duas mãos que já não estão por perto).
    É um grande exercício de resgate de si, e conta com uma pitada de angústia que demora a sair do peito.

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